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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Momento Periférico: mulheres+corpos+sensualidade


Deize Tigrona, a Mc da injeção que conquistou até a M.I.A., a mestra das mestras: a barraqueira Tati que inspirou até tiragem limitada de jeans Cavalera;



Lil´Kim, a rapper-encrequeira americana, e três ganhadoras de um concurso de dancehall queen em Kingston.

Toda 4ª feira é dia do momento periférico, quero dividir com vocês as especificidades deste universo particular que eu conheço bem e admiro tanto. A estética da periferia é muito rica, inspiradora e autêntica. Olhar pra ela sem preconceito é a chance de ampliar os horizontes da inspiração e da emoção.
Vamos começar com as mulheres e a sensualidade. A primeira coisa que a gente tem que levar em consideração, é que estas mulheres se dão muito bem com seus corpos, estão à vontade com eles e não têm metade dos nossos medos e pudores em relação ao "ato do vestir". Top curtinho com quilinhos a mais? Qual o problema? Microshort com celulites? Quem liga? Lingerie vermelha por baixo do vestido branco? Quem disse que não pode? Elas são donas do próprio nariz e bancam sua liberdade criativa, fazendo surgir um código hype bem diferente do que a gente usa no asfalto. Um outro fator que a gente tem que relevar é o clima. Vocês imaginam o calor que faz em uma favela da zona norte do Rio de Janeiro? As construções em sua maioria usam telhas de amianto, o que causa um calor inacreditável, fora que as favelas são construídas em terrenos que geralmente não apresentam nem resquícios de vegetação ou outras fontes de umidade. Ou seja, não há dress code que resista, não na balada local. Para ir ao trabalho tudo bem, calça social, camisa de manga, tricot gola alta, mas baile, pagode, forró, ensaio na quadra da escola de samba, só de micro. Micro-short, micro-top, micro-saia, micro-vestido, lingerie calculada minuciosamente....Elas estão indo celebrar a vida, pra quê falsos pudores? Na festa, aqui usada como o ritual em antropologia, elas colocam em prática suas próprias concepções de moda e beleza. Por isso algumas rappers, as funkeiras e as dancehall queens, só pra citar exemplos worldwide (porque, salve GOG, periferia é periferia em qualquer lugar)costumam aparecer tão pouco vestidas, ou tão "apertadinhas" por aí.

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