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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pensando a Moda: Sobre a Identidade......


Desde que comecei a faculdade (Ciências Sociais) este é um tema que esteve presente todos os semestres, até o fim do mestrado. Li muita coisa, umas muito chatas e outras muito boas, tão boas que carrego comigo os ensinamentos até hj, como aconteceu no Pense Moda...gostaria de dividi-las com vcs, assim como fez o Vitor Ângelo em um ótimo post no dusinfernus.

Na Ciência Política, estudávamos as identidades nacionais: o quê definia um estado-nação? a(s) etnia(s) que constituia seu povo? o tamanho do seu território? o conjunto de seus costumes, crenças e tradições? o tamanho de sua economia? o quê torna(va) legítimas as linhas imaginárias que desenhavam o mapa-mundi e que até hoje são motivos de guerras e batalhas da diplomacia internacional? E aqui, vale lembrar que Platão comparava a arte da política à arte da vestimenta, pois era fundamental a um político nato saber escolher os tecidos, as peças a serem costuradas à mão e principalmente, a técnica da amarração final. Afinal de contas, a política teria a mesma função do traje: proteger das adversidades e proteger os pudores.

A Sociologia, que tem por objeto as estruturas da sociedade, nos deu os "3 porquinhos": Marx, Weber e Durkheim, que apesar dos pensamentos e teorias tão distintos, concordam que a questão das identidades, nacionais ou individuais, foi reforçada a partir do sistema econômico que culminou no capitalismo moderno.

Já a minha amada Antropologia, mais precisamente Franz Boas, trouxe o relativismo - a idéia de que é preciso analisar a identidade de um povo a partir do sistema de valores e crenças (cultura) em que está inserido - para combater o etnocentrismo - a idéia de que o mundo girava em torno da "moral" cristã européia. E a partir daí, a questão da identidade permeia a maioria dos estudos acadêmicos na área das ciências sociais.

Independente da área, a maioria dos teóricos concordam que a construção da identidade se dá em relação ao outro (indivíduo, sociedade, cultura, país, moda), e de maneira dialética (em contraposição), ou seja: não somos a moda italiana, não somos a moda francesa e estamos construindo a nossa história. Como muitos palestrantes disseram, somos muito novos em relação à economias e modas já estabelecidas, precisamos aprender a tirar vantagem disto e olhar pra dentro, pro technobrega do PARÁ, pro funk do Complexo do Alemão, pro rap do Capão, pra Feira de Caruaru, pro reggae do Maranhão sem pré-conceitos. Precisamos concretizar a crença mundial de que fazemos das misturas e da espontaneidade nosso "pulo-do-gato". Precisamos aprender que "o Brasil não é só verde, anil e amarelo, o Brasil tb é cor de rosa e carvão... " Com isso, acho eu, as coisas ficariam muito mais fáceis.

Para ler (nem que sejam só alguns capítulos):
"A República", Platão
"O Príncipe", Maquiavel
"O Capital", Karl Marx
"A ética protestante e o espírito do capitalismo", Max Weber
"O Suicídio", Emile Durkheim
"Antropologia Cultural", Franz Boas

Para ouvir:
"Seu Zé", Carlinhos Brown

ps: estas fotos eu tirei do google images: technobrega, baile funk e show do racionais, olha a massa!!! será que dá pra continuar ignorando toda essa galera?

3 comentários:

fefe resende disse...

arrasou na pensata E na seleção de imagens!
adorei ter te conhecido, sou fã desde o começo, vc sabe.
não vamos perder contato, hein?!?? ;-)
beijoca!

Anônimo disse...

que post maravilhoso,adorei!
sweetbeijosss

Ndebele Muniz disse...

Que post é esse meu irmão?!!!
Boladona!!!Rs..

Carol,eu comecei sociais ano e estou maravilhada.Na verdade estou recomeçando a vida ,fiz Direito mas não era o que eu queria.
Sou antro na veia até morrer!
Viva a antropologia!!!!
As dicas de leitura estão anotadas!Ótimas leituras para as férias!

Bjo